O
ex-governador de Minas Alberto Pinto Coelho,
o governador
Fernando Pimentel (centro) e Carolina Oliveira
em foto de
arquivo (Foto: Pedro Ângelo/G1)
|
Operação Acrônimo apura lavagem em
contratos do governo federal.
O apartamento em Brasília da
primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira Pimentel, mulher do governador
Fernando Pimentel, foi um dos alvos na manhã desta sexta-feira da Operação
Acrônimo, da Polícia Federal. A ação foi deflagrada para combater lavagem de
dinheiro por meio de um esquema de sobrepreço e de recebimento por contratos
não executados com o governo federal desde 2005.
Até o momento o governador
Pimentel não é alvo da investigação"
Dennis Cali, delegado regional de
Investigação e Combate ao Crime Organizado
Carolina tem um apartamento em
Brasília desde o tempo em que trabalhava na assessoria de imprensa no
Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior na mesma época em
que Pimentel era titular da pasta.
A corporação não informou o que
foi apreendido na residência, que fica na quadra 114 Sul, na região central de
Brasília. No total, 30 endereços de pessoas físicas e 60 empresas de Minas, Rio
Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal foram incluídas na operação.
O delegado regional de
Investigação e Combate ao Crime Organizado, Dennis Cali, disse pela manhã que
não havia nenhuma autoridade com prerrogativa de foro ou partido político sendo
investigado. "Até o momento o governador Pimentel não é alvo da
investigação." Em nota, a Secretaria de Comunicação do Estado de Minas
Gerais disse que o governo mineiro "não é objeto de investigação neste
processo".
De acordo com Cali, há 30 empresas
sendo investigadas. Uma delas teria tido faturamento de R$ 465 milhões. Quatro
homens foram presos em flagrante suspeitos de envolvimento no esquema.
Policiais encontraram mensagens trocadas entre os suspeitos que indicavam a prática
de crimes.
Além disso, a corporação apreendeu
ainda mais de R$ 100 mil em espécie e 12 carros de luxo no Distrito Federal,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. Um avião avaliado em R$ 2,5 milhões
também foi apreendido.
Entre os presos estão Marcier
Trombiere Moreira, servidor de carreira do Banco do Brasil que trabalhou, na
campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); o empresário
Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono de uma gráfica que também prestou
serviço para a campanha do governador petista e que, em 2010, chegou a ser
investigado por supostas ligações com a produção de dossiês contra candidatos
do PSDB; e um homem identificado como Pedro Medeiros.
Os três já haviam sido detidos em
outubro do ano passado, quando a PF apreendeu um jatinho no Aeroporto Juscelino
Kubitschek que transportava R$ 113 mil. A aeronave é a mesma apreendida na
operação desta sexta. Cali afirmou que documentos apreendidos pela PF
demonstraram que os homens mantinham a associação criminosa mesmo após a ação.
A pena para associação criminosa é de 1 a 3 anos de prisão.
A Polícia Federal esteve na casa
do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT), no bairro Sion, região centro-sul de
Belo Horizonte, para cumprir mandado de busca e apreensão. Nenhum detalhe do
cumprimento do mandado foi divulgado.
Procurado pelo G1, o ex-deputado
disse que a Polícia Federal esteve "com toda educação" na casa dele.
Segundo o petista, a PF apreendeu dois telefones celulares e um netbook dele. O
ex-parlamentar disse que a PF também foi à casa da ex-mulher no bairro
Funcionários, na região centro-sul de Belo Horizonte. "Eu não sei o que
levaram de lá", disse.
O ex-parlamentar afirmou que não
tem relação com o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto. "Eu não
tenho o menor conhecimento disso [esquema de lavagem de dinheiro]", disse
ao G1. Guimarães afirmou não ter sido comunicado de ser investigado.
'Laranjas' e dinheiro fracionado
De acordo com a Polícia Federal,
para ocultar a origem criminosa do dinheiro, os investigados usavam com
frequência "laranjas" e fracionavam os valores em partes menores,
manobra que é conhecida como "smurffing".
Eles também se valiam de uma
manobra conhecida como confusão patrimonial, quando em um mesmo espaço
funcionam várias empresas. "Isso visa justamente dificultar a
responsabilização e identificar quem é o dono da empresa", disse o
delegado.
Cerca de 400 policiais federais
foram envolvidos na operação desta sexta. O nome da operação faz referência ao
fato de o prefixo da aeronave na qual foi localizado o dinheiro ser uma sigla
formada pelas iniciais dos nomes dos familiares dos principais investigados.
R$ 465 milhões é o faturamento de
uma das empresas investigadas no suposto esquema de corrupção
Na apreensão do ano passado,
quando começou a investigação, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar
suposta lavagem de dinheiro. À época, a Coligação Minas Pra Você, de Pimentel,
informou que Moreira e a gráfica de Oliveira Neto foram desligados com o fim da
campanha eleitoral.
Ao longo dos oito meses de
apurações, os policiais analisaram dados obtidos em notebooks, smartphones,
tablets e outros dispositivos eletrônicos apreendidos com os suspeitos. Os
investigadores analisaram mais de 600 gigabytes de informações e as cruzaram
com outras fontes de base e dados.
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