Moody's citou
preocupações com investigação sobre corrupção na estatal.
A agência de
classificação de risco Moody's rebaixou todos os ratings da Petrobras na noite
desta quinta-feira (29), citando preocupações com investigações sobre corrupção
na estatal e possível pressão sobre a liquidez da companhia em função de atraso
na divulgação de resultados financeiros auditados.
Segundo a
Moody's, os ratings permanecem em revisão para rebaixamento adicional.
A avaliação de
risco é um sistema de nota desenvolvido por agências de análise de riscos para
alertar os investidores de todo o mundo sobre os perigos do mercado ou da
empresa que eles escolhem para aplicar seu dinheiro. Entenda como funciona.
Na tarde desta
quinta-feira, a Petrobras admitiu a possibilidade de não pagar dividendos a
acionistas, dependendo da avaliação da situação financeira da companhia.
Dividendos correspondem a parcela dos lucros da companhia que são distribuídos
entre os acionistas.
“Há a
possibilidade, ainda não colocada no momento, mas que poderá ser considerada.
Se julgada por qualquer companhia que há uma situação de estresse financeiro,
há possibilidade não haver dividendos. É uma alternativa que poderá ser
considerada, a depender da avaliação financeira da companhia”, disse o diretor
financeiro da estatal, Almir Barbassa, em teleconferência com analistas e investidores.
No mesmo dia,
outra agência de risco, a Fitch, disse que a divulgação do balanço não auditado
da Petrobras na véspera não teria impacto imediato na nota de crédito da
empresa.
No entanto, na
ocasião, a agência ressaltou que os adiamentos e a ausência de auditoria
prolongavam a incerteza sobre a capacidade da petroleira para cumprir as normas
de divulgação de dados.
Balanço
atrasado
Com dois meses
de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta-feira o balanço do
terceiro trimestre de 2014, mas sem as baixas por corrupção.
Os números
mostraram que a estatal teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de
38% em relação ao trimestre anterior.
Por duas vezes
a companhia adiou a divulgação informando que os dados precisavam ser ajustados
para as perdas decorrentes das denúncias de corrupção. O documento divulgado,
no entanto, veio sem essas informações, o que frustrou o mercado.
A presidente da
Petrobras, Graça Foster, afirmou que as contas auditadas da companhia serão
divulgadas no menor prazo possível, mas não deu previsão de quando será isso.
Ela disse ainda que as perdas com corrupção podem ser ainda maiores do que os
calculos preliminares, dependendo do andamento das investigações.
"Novas
informações oriundas das investigações em curso podem resultar em novos
ajustes", destacou Graça. "O caixa da Petrobras não é afetado por
ajustes decorrentes da corrupção, nem a geração operacional tem qualquer tipo
de influência dos ajustes decorrentes da corrupção", disse a executiva.
Cálculo apresentado
durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras realizada na
terça-feira (27) indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6
bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à
operação Lava Jato. A metodologia usada, no entanto, não foi considerada
adequada, e o número ficou de fora do balanço.
"Decidimos
não usar a metodologia do valor justo para ajustar os ativos imobilizados
devido à corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam
relação direta com pagamentos indevidos", explicou Graça Foster.
'Pode durar 1,
2 ou 3 anos'
Segundo ela, no
entanto, a baixa contábil dos valores atribuídos a corrupção poderá levar
alguns anos para ser totalmente ajustada e incorporada nos balanços da
companhia.
"Existe a
investigação da Operação Lava Jato do MP do Paraná, que não tenho menor ideia
de quanto tempo levará. Dentro da Petrobras, tenho uma investigação interna em
que a prioridade é a alta administração da companhia, diretoria, gerentes
executivos. Os advogados que nos atendem dizem uma investigação dessas numa
empresa do porte da Petrobras, em geral, pode durar um, dois ou três anos. Se
houver impactos no resultado, serão baixados do resultado; se tiver impacto nos
quadros, essas pessoas também serão afetadas", disse a presidente da
Petrobras. Fluxo de caixa
A Petrobras
estimou que encerrará 2015 com caixa de entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, o
que permitirá à companhia evitar captações de novos recursos ao longo do ano.
O investimento
previsto no plano de negócios da Petrobras foi revisto para US$ 42 bilhões por
ano, redução de 25% .
A companhia
prevê ainda levantar US$ 3 bilhões com desinvestimentos (venda de ativos) no
ano.
Segundo Graça,
a essência do plano de negócios é a revisão do crescimento da empresa. "É
reduzir investimentos, rever e e evitar contratar novas dívidas para atender a
toda a demanda dos investimentos que tínhamos. A área de produção que era
prioritária, hoje toma maior dimensão", afirmou.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!