Yusif nasceu em Gaza e se mudou para o Brasil há quase 50
anos. Fincou raízes em Rio Branco, no Acre, e voltou a Gaza agora para visitar
os parentes.
Domingo passado (20), o Fantástico mostrou o exato momento
em que duas bombas caíam na rua onde vive a madre brasileira Maria Laudis, na Faixa
de Gaza. O que ninguém imaginava é que essas bombas atingiriam uma família no
Brasil.
“Eu reconheci. Reconheci a casa da minha avó. E na hora já
me bateu um desespero. Foi: meu Deus, mas será se é a mesma?”, conta Rafaela
El-Shawwa, filha de Yusif.
E era. Só que o pai de Rafaela, Yusif El-Shawwa, não se
machucou. “O foguete, o impacto jogou a vidraça da casa do vizinho após o muro.
A parede caiu, mas graças eu já tinha saído. Eu estava mais no quarto”,
explica.
As duas bombas caíram no mesmo lugar: a casa exatamente ao
lado. As explosões lançaram pedaços de concreto e vidro na direção da casa da
família El-Shawwa. Praticamente destruíram três cômodos. “Essa pedra veio lá da
casa do vizinho”, mostra Yusif.
As imagens da destruição deixaram a família no Brasil em
choque. “Eu chamei a minha mãe, minha mãe veio e eu falei: ‘olha, mãe, a casa,
o quarto que a gente ficava, tudo’. Aí já foi aquele desespero”, lembra
Rafaela.
Yusif nasceu em Gaza e se mudou para o Brasil há quase 50
anos. Fincou raízes em Rio Branco, no Acre, e voltou a Gaza agora para visitar
os parentes. “Neste ambiente está a minha mãe, a cunhada, minha sobrinha, que
mora junto”, diz Yusif.
E juntos eles saíram de casa correndo pouco antes dos
bombardeios. Foi a filha angustiada no Brasil quem contou os detalhes. “Quatro
horas depois a gente conseguiu entrar em contato com o meu pai e ele falou que
realmente era a casa da minha avó, mas que Israel tinha ligado um pouco antes
pro celular do meu tio, avisado que iam bombardear aquela área e deram tantos
minutos para eles se retirarem”, explica Rafaela.
Os alertas que Israel manda por mensagem de celular
permitiram que muitos moradores de Gaza gravassem o momento exato da queda dos
mísseis. Israel já atacou 3.850 alvos e matou 1.139 palestinos.
Do lado israelense, são 46 mortos mais os mais de 2.500 foguetes lançados de Gaza desde o começo da guerra só fizeram três vítimas. Em parte porque não são teleguiados e porque muitas explodem sozinhos no ar, mas principalmente porque existe um sistema de proteção.
Toda vez que um míssil é lançado de Gaza, radares ao longo da fronteira detectam o lançamento, calculam a trajetória desse míssil e mandam a informação para dois sistemas diferentes. Um deles é a Cúpula de Ferro, o sistema de defesa israelense que tem a missão de lançar outro foguete para interceptar esse míssil antes que ele possa cair numa área povoada. O outro sistema é o de sirenes, espalhados por Israel - são mais de três mil - que tem a missão de alertar a população sobre a chegada do míssil. Depois de ouvir a sirene, os israelenses têm de 15 a 90 segundos para correr para um abrigo antibombas.
"Começou aqui as sirenes em Ashdod. Como sempre eles têm um horário fixo que eles fazem isso. E como na casa onde eu moro não tem proteção, então a gente tem que descer as escadas, ficar esperando a sirene passar. Pegou aqui alguma coisa e deve ter batido em algum lugar porque a explosão realmente foi forte”, conta o médico brasileiro Ilan Feuerstein.
No dia seguinte, a cidade de Ilan voltou a ser atacada. "Mais uma vez", diz Ilan.
Deu para ver da janela da casa dele quando os foguetes foram interceptados.
Os computadores que disparam as sirenes ficam em prédios militares, protegidos por paredes de concreto, porque os operadores do sistema não podem sair da sala nem para ir pro abrigo antibomba. Mais de cem soldados passam o dia ao telefone orientando a população sobre o que fazer quando os foguetes chegarem. E os israelenses já se acostumaram a conviver com blocos de concreto, até nos pontos de ônibus.
Quem mora assim tão perto da fronteira com Gaza precisa ter abrigos antibombas como esse aqui. É muito concreto. Portas de metal. E também uma escada levando pra uma parte ainda mais profunda onde a população que mora no Kibutz, o condomínio, se protege quando toca a sirene. Eles ficam lá embaixo, podem ficar até horas, esperando a situação acalmar.
Neste sábado (26), durante uma trégua humanitária, os dois lados tiveram 12 horas de calma.
À noite, Israel aceitou uma nova trégua a pedido da ONU, mas o Hamas não concordou, continuou atacando, e mais tarde os caças israelenses voltaram a despejar bombas sobre Gaza. Foram 40 ataques de Israel e 40 foguetes disparados de Gaza.
Do lado israelense, são 46 mortos mais os mais de 2.500 foguetes lançados de Gaza desde o começo da guerra só fizeram três vítimas. Em parte porque não são teleguiados e porque muitas explodem sozinhos no ar, mas principalmente porque existe um sistema de proteção.
Toda vez que um míssil é lançado de Gaza, radares ao longo da fronteira detectam o lançamento, calculam a trajetória desse míssil e mandam a informação para dois sistemas diferentes. Um deles é a Cúpula de Ferro, o sistema de defesa israelense que tem a missão de lançar outro foguete para interceptar esse míssil antes que ele possa cair numa área povoada. O outro sistema é o de sirenes, espalhados por Israel - são mais de três mil - que tem a missão de alertar a população sobre a chegada do míssil. Depois de ouvir a sirene, os israelenses têm de 15 a 90 segundos para correr para um abrigo antibombas.
"Começou aqui as sirenes em Ashdod. Como sempre eles têm um horário fixo que eles fazem isso. E como na casa onde eu moro não tem proteção, então a gente tem que descer as escadas, ficar esperando a sirene passar. Pegou aqui alguma coisa e deve ter batido em algum lugar porque a explosão realmente foi forte”, conta o médico brasileiro Ilan Feuerstein.
No dia seguinte, a cidade de Ilan voltou a ser atacada. "Mais uma vez", diz Ilan.
Deu para ver da janela da casa dele quando os foguetes foram interceptados.
Os computadores que disparam as sirenes ficam em prédios militares, protegidos por paredes de concreto, porque os operadores do sistema não podem sair da sala nem para ir pro abrigo antibomba. Mais de cem soldados passam o dia ao telefone orientando a população sobre o que fazer quando os foguetes chegarem. E os israelenses já se acostumaram a conviver com blocos de concreto, até nos pontos de ônibus.
Quem mora assim tão perto da fronteira com Gaza precisa ter abrigos antibombas como esse aqui. É muito concreto. Portas de metal. E também uma escada levando pra uma parte ainda mais profunda onde a população que mora no Kibutz, o condomínio, se protege quando toca a sirene. Eles ficam lá embaixo, podem ficar até horas, esperando a situação acalmar.
Neste sábado (26), durante uma trégua humanitária, os dois lados tiveram 12 horas de calma.
À noite, Israel aceitou uma nova trégua a pedido da ONU, mas o Hamas não concordou, continuou atacando, e mais tarde os caças israelenses voltaram a despejar bombas sobre Gaza. Foram 40 ataques de Israel e 40 foguetes disparados de Gaza.
Numa investigação própria, as forças israelenses disseram
ter concluído que não foram responsáveis pelas bombas que mataram 15 pessoas em
uma escola da ONU. Nenhuma investigação independente foi feita, no entanto,
para dizer se foi Israel ou o Hamas quem atacou a escola.
No que já se tornou um jogo de empurra, adiando mais uma vez
o fim do sofrimento da população de Gaza, neste domingo (27) foi a vez do Hamas
propor e Israel rejeitar um cessar-fogo.
O presidente americano Barack Obama telefonou ao
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pedindo uma trégua humanitária
imediata e incondicional. Mas por enquanto entre os escombros e a fumaça escura
não existe nenhuma luz que não venha dos foguetes do Hamas ou das bombas de
Israel.
“Desde o início, assim, não durmo direito. Toda hora eu
penso que eu vou receber alguma mensagem falando alguma coisa dele, do pior,
assim”, conta Hanna El-Shawwa, emocionada.
A boa notícia para a família brasileira é que Yusif já se
prepara para voltar. Prometeu à mãe que ficaria em casa até o fim do Hamadã, e
o mês sagrado dos muçulmanos termina exatamente neste domingo.
“Eu digo para a minha família no Brasil não se preocupar que
as coisas vão melhorar”, afirma Yusif.
Ele só depende agora de permissão de Israel ou do Egito para
atravessar a fronteira. E também de coragem para percorrer o território devastado
que continua sendo atacado.
G1
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